segunda-feira, 29 de agosto de 2011

NOTA DE APOIO À FILIAÇÃO DE ROSE BASSUMA

 

Na polemica aberta no PSOL com a filiação de Rose Bassuma não está em jogo apenas a sua demanda individual, mas, fundamentalmente, o tipo de partido que queremos construir.

 

Para nós, o PSOL necessário deve ser um partido amplo, plural, e que busque se vocacionar para a disputa do poder, e não apenas para a propaganda doutrinária do socialismo. Um partido que organize e seja referência para todos aqueles que, com níveis diferenciados de consciência, buscam mudar estruturalmente os rumos do Brasil.

 

Queremos um partido que tenha elaboração política e posições sobre o maior numero de temas possíveis, mas que não faça da prévia concordância com todas, e com cada uma das suas resoluções, condição insuperável para a filiação. Queremos um partido que dialogue com a cultura do nosso povo, com a sua religiosidade, com suas tradições, e seja tolerante com as diferenças daí provenientes.

 

A esquerda latino americana que se reorganizou após o ciclo de ditaduras dos anos 60 e 70 contou com participação de milhares de ativistas católicos que, após as Conferências de Puebla e Medelin, e da consequente difusão da Teologia da Libertação, se engajaram na luta pelo socialismo. Protestantes de diversas denominações, espíritas, adeptos de religiões de matriz africana como o Candomblé e a Umbanda, entre outros, também se somaram à construção de partidos de esquerda. Trazem sua enorme contribuição, mas trazem também seus dogmas religiosos.

 

Na questão específica do aborto, concepções de foro íntimo ou de natureza política, religiosa ou espiritual se chocam com a posição aprovada no Primeiro Congresso do PSOL, favorável a legalização do aborto. 

 

Sem abrir mão de suas resoluções, o partido deve acolher esses militantes, garantindo o seu direito de divergência nesta questão, sem exigir silêncios obsequiosos nem leis de mordaça. O que não entra em contradição com a necessidade de construir um protocolo de comportamento  que compatibilize o direito de divergência individual, cláusula pétrea inalienável, com o veto a participação em campanha pública contra as posições do partido.

 

A carta de Rose Bassuma ao PSOL, no ato de sua filiação, dá conta destas preocupações. Por esta razão, nós, abaixo assinados, consideramos correta a filiação de Rose ao PSOL, e entendemos que sua eventual rejeição pelo partido configuraria uma opção lamentável pela construção de um partido seita, de "poucos e bons", sem real capacidade de dialogo com o nosso povo, e sem real capacidade de acumular forças para disputar hegemonia na sociedade brasileira.

 

Jean Wyllys - Dep. Federal PSOL-RJ

Janira Rocha - Dep. Estadual PSOL-RJ / Dir. Nacional do PSOL

Milton Temer - Exec. PSOL-RJ / Dir. Nacional do PSOL

Martiniano Cavalcante - Exec. PSOL-GO / Dir. Nacional do PSOL

José Luis Fevereiro - Executiva Nacional do PSOL

Elias Vaz - Vereador Goiania/GO - Exec. Nacional do PSOL

Jefferson Moura - Exec. Nacional PSOL / Pres. PSOL-RJ


   

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