quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Pare a fábrica de sementes mutantes

Caros amigos,



Sofía Gatica recebeu ameaças de morte e um foi espancada de forma desumana depois de se juntar aos protestos contra uma enorme fábrica da Monsanto,desaprovada por quase 70% dos moradores da região! Mas a solidariedade internacional podecriar um rebuliço na imprensa local, pressionando a presidente argentina a fechar a fábrica, e revertendo a disseminação global da agricultura tóxica da Monsanto:

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A Monsanto está ampliando seu poder sobre o mundo, com uma nova fábrica enorme de sementes mutantes na Argentina. Sofía Gatica e outros vizinhos do local se manifestaram, o que provocou ameaças de morte e um espancamento desumano. A ameaça é iminente - vamos apoiá-los e parar essa fábrica.

A Monsanto fabrica sementes transgênicas que, quando combinadas com pesticidas tóxicos, criam as devastadoras 'monoculturas' – onde nada mais cresce, apenas uma única planta – que estão dominando cada vez mais o nosso planeta. Agora, eles planejam construir uma das maiores fábricas de sementes transgênicas do mundo, em Córdoba, na Argentina.

Sofía, preocupada com os riscos para a saúde vindos da fábrica, juntou-se aos protestos, apoiados por cerca de 70% dos moradores da região. Se um milhão de nós nos juntarmos ao povo de Malvinas Argentinas nos próximos três dias, poderemos aumentar a visibilidade da questão nos meios de comunicação locais, colocar a petição em uma campanha publicitária e pressionar a impopular presidente da Argentina a fechar a fábrica e reverter a disseminação da agricultura tóxica da Monsanto: 

https://secure.avaaz.org/po/stop_monsanto_in_argentina_global_/?bXALOeb&v=33006 

Sofia e o povo de Malvinas Argentinas deitaram na frente de tratores para bloquear a construção da fábrica. Se ampliarmos esse protesto, poderemos ajudá-los a vencer. A presidente Kirchner está enfrentando uma onda de impopularidade neste momento, e ela não pode se dar ao luxo de ser vista favorecendo os lucros da Monsanto em vez de seu próprio povo. 

A megafábrica utilizará produtos químicos tóxicos para criar sementes, o que soa estranho porque as sementes devem vir de plantas, certo? Não no assustador novo mundo da Monsanto, onde as plantas são geneticamente projetadas para serem estéreis, e a única maneira dos agricultores manterem o plantio de alimentos é através da compra de novas sementes, a cada ano, da mesma Monsanto! Nos EUA, até 90% de alguns tipos de culturas são plantadas com sementes da Monsanto, e com sua nova megafábrica, na Argentina, a empresa está ampliando seu infame poder sobre o mundo. 

As ameaças e o ataque a Sofía e seus colegas manifestantes são a gota d'água - vamos parar a invasão da Monsanto na América do Sul, e começar a reverter a devastação causada em nossos ecossistemas por seus produtos: 

https://secure.avaaz.org/po/stop_monsanto_in_argentina_global_/?bXALOeb&v=33006 

Alguns argumentam que a modificação genética é um grande passo para o aumento da eficiência agrícola. Poderá haver benefícios nesse sentido no futuro, mas muitas vezes as promessas de ganho são exageradas por quem faz a publicidade das empresas. Por exemplo, a ideia de que "alimentar o mundo" com sementes transgênicas pode ser muito mais produtivo do que as sementes normais: na verdade, há pouca evidência sobre isso, e a tecnologia usada em transgênicos frequentemente coloca o lucro à frente das pessoas e do planeta. Os governos devem julgar os riscos e benefícios públicos, mas a Monsanto é hábil em minar a governância democrática. Eles até aprovaram uma lei nos EUA que diz que um juiz não pode ordenar um recall de produtos da Monsanto, nem mesmo por razões de segurança pública! 

Nosso planeta está sendo rapidamente transformado por transgênicos e a agricultura industrial e nossos governos são fortemente influenciados pela megacorporação americana no centro de tudo, uma empresa que está gradualmente controlando a oferta de alimentos do mundo. Não vamos forçar nossos filhos e netos a viver em um mundo alimentado exclusivamente pela Monsanto, quando podemos parar agora.

Com esperança,

Ricken, Meredith, Laura, Nick, Alice, Luis, Marie, Nádia e toda equipe da Avaaz

Mais informações:

Argentinos versus Monsanto (Envolverde)
http://envolverde.com.br/ambiente/teramerica-argentinos-versus-monsanto/

Argentinos protestam contra instalação da Monsanto em Córdoba (Vermelho)
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=7&id_noticia=227653

Produto da Monsanto é suspeito de aumentar casos de câncer na Argentina (Unisinos)
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/524927-produto-da-monsanto-e-suspeito-de-aumentar-casos-de-cancer-na-argentina

Anti-Monsanto ativista atacada na Argentina (RT) (em inglês)
http://rt.com/news/argentina-monsanto-protest-clashes-483/

Doenças por pesticidas desperta protestos anti-Monsanto na Argentina (DW) (em inglês)
http://www.dw.de/pesticide-illness-triggers-anti-monsanto-protest-in-argentina/a-17013525

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Luciana Genro - Um breve balanço e perspectivas

os camaradas do Diretório Nacional,

Segue breve texto de balanço e perspectivas sobre o IVCNPSOL, elaborado por Luciana Genro.

Saudações,y

Mariana Riscal


Um breve balanço e perspectivas


Estamos no ultimo mês de um ano que mudou o Brasil. As jornadas de junho revelaram a todos a crise de representação política e provaram com marchas multitudinárias que a população brasileira, em especial sua juventude, tem condições de tomar o caminho das ruas para defender seus interesses. Depois de junho as greves dos trabalhadores e os protestos populares deixaram claro que nada mais será como antes e que não serão apenas os jovens a entrar na luta.

Neste cenário, o acerto de ter fundado o PSOL nos enche de orgulho. Nunca ficou tão evidente que é preciso um novo partido contra a velha política. Quando estive nas ruas, lado a lado com nossa juventude, nos protestos de junho, sabia que era ali que poderíamos provar a utilidade de nosso projeto, a necessidade de realmente construir uma alternativa combativa. No ano que logo começa, vamos ter a continuidade da luta nas ruas e também nas urnas. Esta deve ser a responsabilidade de nosso partido. E de minha parte estarei jogada nos dois combates.

Para defender que o PSOL se postule como defensor das bandeiras de junho e seja fiel a este acontecimento histórico, aceitei disputar a indicação como candidata à presidente pelo partido. Foram alguns meses de disputa interna onde os militantes que apoiaram minha pré-candidatura atuaram com energia na fiscalização e na construção de plenárias de norte a sul do Brasil. Quero aqui deixar o meu abraço e agradecimento a cada um deles. Fruto deste trabalho militante foi realizado um ato no Rio de Janeiro com centenas de militantes e contamos com o apoio de várias lideranças, em especial de Marcelo Freixo, nossa principal referencia. Por muito pouco não se chegou ao resultado que permitiria que a militânc ia debatesse mais. Com mais democracia, tenho confiança que teríamos ainda mais força. Mas o Congresso escolheu o nome de Randolfe Rodrigues. Este resultado não me desanima nem um pouco. Sigo firme na defesa de um PSOL fiel a seu programa fundacional e às jornadas de junho. Continuarei também ativa na vida interna do partido e na disputa de seus rumos.

O 4º congresso Nacional do PSOL revelou um partido profundamente dividido. Além de denúncias de irregularidades na eleição de alguns delegados apoiadores da tese Unidade Socialista, a demonstração numérica desta divisão apareceu na votação da proposta de prévias para escolha da candidatura presidencial:  201 votos contra  e 186 a favor.  Mesmo com esta margem muito reduzida o agrupamento do Senador Randolfe Rodrigues não aceitou submeter o nome dele ao crivo dos militantes. Na votação da candidatura presidencial mais uma vez quase metade do plenário, composto por delegados do Bloco de Esquerda,  rejeitaram Randolfe, sendo que cerca de 30% apoiaram o meu nome e os demais se abstiveram em protesto contra as irregularidades. Diante desta realidade é preciso fazer um breve balanço e traçar as perspectivas.

Em primeiro lugar é preciso registrar que o apelo por mais democracia interna, feito pelo deputados Chico Alencar e Marcelo Freixo que defenderam as prévias foi rejeitado pelo grupo de Randolfe e Ivan Valente, a tese Unidade Socialista. Isto é lamentável pois o nome de Randolfe não foi devidamente discutido pela militância, visto que os apoiadores da Unidade Socialista não defendiam abertamente a candidatura de Randolfe, mas a colocavam como uma hipótese ao lado do nome de Chico, Freixo e até Milton Temer. Diferenças abissais separam os quatro nomes, portanto os delegados eleitos pela tese Unidade Socialista não estavam mandatados pela sua base para votar em Randolfe. As prévias poderiam suprir esta lacuna democrática, curar as feridas abertas pelas suspeitas de irregularidades e aprofundar o debate político. Por que o medo da democracia?

Outro aspecto importante do balanço é que o Bloco de Esquerda não conseguiu se unificar em torno de uma candidatura alternativa a Randolfe. Meu nome foi apoiado pelo MES, CST, TLS, LSR, o Coletivo Primeiro de Maio, outros agrupamentos regionais, e também por lideranças como os deputados Marcelo Freixo, Carlos Giannazi e Jean Wyllys. Mesmo assim uma parte do Bloco não quis me apoiar. Esta falta de unidade nos enfraqueceu na disputa, e acabamos perdendo o Congresso por uma margem reduzidíssima de 2%.

Mesmo assim considero que o Bloco de Esquerda é uma conquista importante da qual não podemos abrir mão. Após as jornadas de junho tornou-se ainda mais importante disputar os rumos do PSOL, lutar por um partido conectado com a nova realidade do Brasil, rejeitando a partidocracia e a velha política que insistem em nos rodear.

É preciso então avaliar como seguir. É certo que a disputa pela candidatura presidencial não se encerra no Congresso, pois até as convenções partidárias- que pela lei eleitoral acontecem em junho  do ano que vem -ninguém é candidato oficialmente. Randolfe  é o pré candidato escolhido por maioria pelo Congresso, mas meu nome segue colocado e poderá ser avaliado pela convenção do ano que vem. Luiz Araújo, o novo presidente do PSOL, falou em sua intervenção no Congresso que desejava que eu fosse candidata a Vice- Presidente na chapa com Randolfe. Não descarto esta hipótese, pois não concordo com a decisão de alguns de boicotar a campanha presidencial do PSOL se o candidato for Randolfe.  Exceto para quem deseja sair do PSOL, o único caminho é seguir disputando os rumos do partido. Para isto não podemos ter uma postura abstencionista nas eleições, e muito menos apoiar o candidato de outro partido.

Não decidirei se aceito ou não  esta tarefa de ser vice de Randolfe de forma individual. Quem me conhece sabe que não tenho problema algum em não ser candidata a nada. Encaro a  política como militância  e não como carreira.

Por isso quero  ouvir em primeiro lugar @s  militantes do PSOL e  as lideranças das correntes que me apoiaram. Quero ouvir o partido no Rio de janeiro, particularmente Marcelo Freixo, nossa maior liderança, o deputado Jean Wyllys, os  vereadores Eliomar Coelho, Paulo Eduardo e Renatinho. Em São Paulo quero ouvir o deputado Giannazi, o ex- deputado Raul Marcelo, o companheiro Vladimir Safatle.  Quero ouvir outras lideranças, como a vereadora Toinha, de Fortaleza, e os grupos regionais que me apoiaram, como o ELA de Brasília e os companheiros do Paraná. Quero ouvir inclusive as lideranças que não são do Bloco , como o deputado Chico Alencar, e também as correntes do Bloco que não me apoiaram mas rejeitam Randolfe, pois respeito a sua militância e acredito que temos que seguir caminhando juntos no PSOL.

Quero avaliar com todos e todas qual o melhor caminho para que o PSOL possa estar unido na campanha de 2014 para enfrentar as candidaturas à serviço dos interesses do capital, e para que possamos seguir afirmando o perfil de partido que queremos construir: profundamente conectado com as lutas da juventude, dos trabalhadores , das mulheres, negros, homossexuais, indígenas, enfim , um partido fiel ao levante de  junho e que apresente um projeto universalizante para  todas esta lutas, um projeto socialista e libertário. 


Luciana Genro


O lugar de Randolfe


Juliano Medeiros, Direção Nacional do PSOL
 
O IV Congresso Nacional do PSOL aprovou, no último domingo, a pré-candidatura do senador Randolfe Rodrigues à Presidência da República nas eleições do próximo ano. É a primeira candidatura potencialmente competitiva lançada pela oposição de esquerda para a disputa de 2014. Quais os desafios de um projeto popular e socialista no próximo ano?
As últimas três eleições presidenciais foram marcadas pela polarização entre dois blocos, um liderado pelo PT, outro pelo PSDB. Essa polarização, falsa em sua essência, foi instrumental para a estabilização da hegemonia conservadora na política e na sociedade brasileira. Isso não significa, porém, que estes blocos representem exatamente o mesmo projeto. As elites brasileiras não são homogêneas e dividem-se em distintas frações. Essas frações influenciam o processo político-eleitoral de acordo com seus interesses particulares, como demonstra o financiamento das campanhas de Dilma Rousseff (financiada principalmente por empreiteiras e pelo agronegócio) e José Serra (financiado principalmente por bancos e setores da indústria). São essas divisões que permitem o surgimento de alternativas de dentro do bloco conservador, como Eduardo Campos.
No cenário que se apresenta pouco menos de um ano das eleições de 2014, existem três candidaturas principais: Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Aos dois primeiros, interessa reproduzir a polarização das eleições anteriores, enquanto Campos tenta conquistar a confiança da indústria e do agronegócio, enfraquecendo as bases de apoio de ambos. Portanto, a novidade nas eleições de 2014 não vem do campo conservador: a novidade vem das ruas.
O ano de 2013 foi marcado por três fatos decisivos para o desdobramento da disputa presidencial do próximo ano. O primeiro foi a retomada de medidas privatistas e dos ajustes econômicos em favor do capital financeiro. Além de aeroportos, portos e ferrovias, o governo Dilma iniciou a entrega do petróleo do Pré-Sal à exploração privada, diminuindo ainda mais a participação do Estado em setores estratégicos da economia. Ao mesmo tempo, após seis aumentos consecutivos, a taxa de juros de 10% ao ano colocou o Brasil novamente na condição de paraíso mundial da especulação financeira. Com isso, os juros do crédito devem aumentar, endividando ainda mais as famílias brasileiras e contingenciando os indispensáveis investimentos públicos.
O segundo fato decisivo na disputa eleitoral do ano que vem é o efeito das chamadas "jornadas de junho". As manifestações que tomaram as ruas em todo o país colocaram o sistema político-eleitoral em xeque. A queda da popularidade de todos os governantes – incluindo Dilma Rousseff – é um dado inquestionável que demonstra que os eleitores estarão mais atentos, mais vigilantes e mais críticos durante as eleições de 2014. Assim, haverá um maior espaço para propostas alternativas e de esquerda, que distanciem-se da plataforma das elites e busquem representar o descontentamento das ruas.
O terceiro fato com implicações diretas sobre as eleições presidenciais do próximo ano foi a filiação de Marina Silva ao PSB para concorrer à vice-presidência na chapa de Eduardo Campos. Até a frustrada tentativa de criação de seu partido, a Rede Sustentabilidade, Marina era a figura pública que mais havia capitalizado o descontentamento popular contra a velha política, apesar de ter participado, até pouco tempo, da governabilidade de Lula e de não apresentar, efetivamente, nada de substancialmente novo em relação a questões centrais como a política econômica. Porém, simbolicamente Marina vinha angariando amplas simpatias dos setores médios desiludidos com os velhos partidos e cansados da falsa polarização entre PT e PSDB. Ao ingressar no PSB, um partido igual a todos os demais, Marina frustrou milhões de simpatizantes e criou um vácuo que pode ser ocupado por um projeto efetivamente de esquerda.
Estes três fatores, criaram condições favoráveis a um projeto popular, democrático e socialista para as eleições de 2014, que dialogue com o desejo de mudanças. Um projeto e uma candidatura que denunciem a paralisia da reforma agrária e busque o diálogo com o MST na perspectiva da construção de um projeto para o campo que tenha como centro a pequena agricultura e a soberania alimentar. Um projeto que se oponha ao modelo macroeconômico baseado no tripé de juros altos, superávit primário e câmbio flutuante, e apresente um modelo de desenvolvimento baseado no consumo e na indústria nacionais, com distribuição de renda e justiça fiscal e tributária. Um projeto que defenda a ampliação radical dos investimentos em saúde e educação, e retome o sonho de um Brasil livre do analfabetismo. Um projeto democrático, vinculado às demandas populares e à participação da sociedade brasileira para enfrentar temas como a democratização da comunicação, os direitos indígenas e quilombolas, os diretos das mulheres sobre seu corpo e o direito dos indivíduos de amarem livremente. Um projeto que defenda o meio-ambiente da sanha destrutiva dos interesses do mercado e utilize nossas riquezas naturais de forma equilibrada e a serviço do desenvolvimento com respeito à natureza. Enfim, um projeto que retome as reformas estruturais interditadas à força pelas elites brasileiras cinquenta anos atrás e a utopia de um Brasil mais justo e igualitário.
As três candidaturas representam mais do mesmo e não podem encarnar o desejo de mudanças e um projeto de conteúdo efetivamente transformador. A esquerda socialista, no IV Congresso Nacional do PSOL, tem agora uma candidatura com esse perfil. Randolfe Rodrigues, o PSOL e os demais partidos da esquerda socialista e independente, são os únicos que podem apresentar este projeto. Este é o lugar de Randolfe e do PSOL: o lugar da mudança pela esquerda e da retomada da utopia socialista.