quarta-feira, 25 de maio de 2011

Morre um líder do movimento negro.

Abdias Nascimento

Um dos pioneiros do movimento de luta contra a discriminação racial no Brasil, o ator, diretor, dramaturgo e político Abdias do Nascimento morreu ontem, no Hospital Federal dos Servidores, no Rio de Janeiro, aos 97 anos.
A família e o hospital não informaram a causa da morte.
Perseguido pela ditadura, Abdias precisou deixar o país na época do governo militar: exilou-se em 1968 nos Estados Unidos, atuando como conferencista, professor e escritor. Depois de voltar ao Brasil, engajou-se na militância partidária, pelo PDT, tendo sido deputado federal de 1983 a 1987 e senador de 1991 a 1992 e de 1997 a 1999, ligando-se fortemente ao Movimento Negro Unificado. Sempre que tinha oportunidade, denunciava a situação de inferioridade social dos negros brasileiros.
Nascido em Franca (SP) em 1914, Abdias é considerado responsável pela criação do Teatro Experimental do Negro (TEN), atuante no Rio de Janeiro de 1944 a 1968 e considerada a primeira companhia teatral brasileira aberta a promover a inclusão do artista afrodescendente. Antes disso, começara sua militância pela causa da igualdade racial no Brasil – tabu na época – aos 16 anos, em 1930, quando se integrou à Frente Negra Brasileira.
O TEN foi aberto com apoio de outros artistas e intelectuais, ministrando cursos de interpretação e até aulas de alfabetização e introdução à cultura geral, para formar atores negros.
Ironicamente, a discriminação o atingiria em 1948, quando com o nome profissional como ator em ascensão, foi cogitado por Nelson Rodrigues para viver Ismael, o protagonista de Anjo Negro. Nenhum teatro consagrado admitiu ter uma peça cujo ator principal seria negro. O "grande negro de ventas triunfais" sonhado por Nelson teve de ser interpretado por Orlando Guy, com o rosto tingido.

  


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